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Mostrando postagens de 2006

'Ter que' e 'Ter de'

A língua portuguesa nos reserva muitas surpresas e curiosidades, principalmente quando estudamos sua evolução. Um exemplo disso é o nosso tema de hoje, uma dúvida muito comum. Qual frase está correta: “o local teve que ser evacuado” ou “o local teve de ser evacuado”? Vamos entender como isso funciona. 1. Os gramáticos conservadores admitem apenas a forma “ter de” como correta para expressar uma obrigação, uma necessidade. Exemplos: “temos de comprar o remédio”, “tenho de escovar os dentes”, “tive de pagar a dívida”. 2. Já “ter que” seria usado quando se subentende algo antes do “que” (“ter coisas que”). Exemplos: “Ela tem muito que fazer”, isto é, “Ela tem muitas coisas que fazer”; “Tenho muito que aprender”, isto é, “Tenho muitas coisas que aprender”. 3. Ao longo do tempo, o “que” passou a ser usado também em contextos de obrigatoriedade, no lugar do “de”. Por conta dessa evolução, atualmente se aceita as duas formas como corretas, no entanto, o que se observa é que a forma “ter que”

'Ano-novo' ou 'Ano novo'?

Depende. “Ano novo”, sem hífen, significa o ano seguinte. Para se referir à festa ou ao momento da passagem do ano, escrevemos “ano-novo” (com plural: “anos-novos”). O hífen marca a união de duas palavras que, juntas, formam outra com sentido independente. Feliz ano novo!

'1º de janeiro' ou '1 de janeiro'?

A primeira forma é a única correta. A norma oficial para escrever a data em algarismos é 1º de janeiro, por se tratar do primeiro dia do mês, e não “1” ou “01”. Em atas e documentos oficiais em que a data é escrita sempre por extenso, ficaria: “no dia primeiro de abril de dois mil e seis”.

A palavra “Natal”

Todos sabemos o que se comemora no Natal, o seu sentido, e que ele desperta nas pessoas bons sentimentos, às vezes esquecidos ao longo do ano. Mas como essa palavra tão lida, escrita e dita chegou a nossa língua? Qual é o seu significado? Em que contextos é usada? Vamos entender como isso funciona. 1. “Natal” é uma palavra de origem latina. Em latim, havia a expressão “dies natalis” ou “natalis”, que significava o dia de nascimento de alguém. A forma reduzida “natalis” passou por uma mudança fonética (de som) ao longo do tempo e chegou a nossa língua como “natal”. 2. Os dicionários registram essa palavra como adjetivo e como substantivo. 3. Como adjetivo, “natal” significa o que é relativo ao nascimento (“terra natal”). 4. Como substantivo, significa o dia do nascimento ou um cântico natalino de origem medieval. Escrito com letra maiúscula, “Natal” refere-se à festa do nascimento de Jesus, celebrada no dia 25 de dezembro. 5. A palavra “natal” deu origem a “pré-natal” (“exame pré-nat

'Sumidade' ou 'Assumidade'?

A primeira forma é a correta. De acordo com o dicionário “Houaiss”, sumidade significa “ponto mais alto de (algo); cumeeira, cume, cimo”; “indivíduo que se destaca pelo seu saber, seu talento, sua erudição”; e “extremidade dos ramos das plantas”. A palavra “assumidade” não existe.

'Papai Noel' ou 'Papai-noel'?

As duas formas estão corretas. “Papai Noel” é a personagem lendária e a pessoa vestida como tal (“O Papai Noel chegou de trenó”). Já “papai-noel” é o presente natalino (“Não sei o que vou escolher de papai-noel”). Os plurais são, respectivamente, Papais Noéis e papais-noéis.

'Fim de ano' ou 'Final de ano'

O Natal e as festas se aproximam, mas nem mesmo nessa época de férias escolares e de descanso as dúvidas com relação à língua portuguesa deixam de aparecer. Afinal, o que vamos comemorar? As festas de fim de ano ou de final de ano? Qual das duas é a mais correta? Vamos entender como isso funciona. 1. O uso das duas formas é freqüente tanto na fala quanto na escrita. No entanto, se analisarmos as estruturas, concluiremos que “fim de ano” é mais correto que “final de ano”. 2. “Fim” é substantivo; “final”, adjetivo. Para sabermos qual classe de palavras se “encaixa” melhor nessa estrutura, basta trocar as palavras “fim” e “final” pelos antônimos “início” (substantivo) e “inicial” (adjetivo). A forma correta logo aparecerá. 3. Seria “inicial de ano”? Não, claro. É estranho demais aos nossos ouvidos. 4. Mas não é estranho “início de ano”. Isso porque um substantivo se encaixa melhor nessa estrutura do que um adjetivo. 5. Podemos seguir a mesma linha de raciocínio em outros casos parecidos.

'Líquido' ou 'Líqüido'?

As duas formas estão corretas. Este é um caso de trema facultativo, assim como sanguíneo/sangüíneo, liquidação/liqüidação, em que há a opção de se pronunciar a semivogal “u”. O trema é obrigatório nas palavras em que a semivogal “u” dos grupos “gue”, “gui”, “que” e “qui” é pronunciada.

'A fim' ou 'Afim'?

As duas formas estão corretas. “A fim” é usado para indicar interesse por algo: “Você está a fim de conversar?” ou para indicar um objetivo: “Estudei a fim de passar de ano”. “Afim” expressa afinidade: “A loja possui linhas, panos e afins” (outros produtos que têm afinidade com esses).

Concordância com “maioria”

Na hora de falar ou escrever, muita gente “enrosca” para fazer a concordância do verbo. A dúvida aparece principalmente diante de expressões partitivas, como “a maioria dos(as)” e “a maior parte dos(as)”. Quando o verbo deve estar no singular e quando deve estar no plural? Vamos entender como isso funciona. 1. Na língua padrão, predomina a concordância com o núcleo da expressão (“maioria”), ou seja, a flexão do verbo no singular (“a maioria das pessoas gosta de festas”), mas também há registros em que o verbo concorda com o especificador do núcleo (“a maioria das pessoas gostam de festas”). No primeiro caso, a ênfase é dada ao núcleo da expressão; no segundo caso, ao especificador. 2. Outras expressões que entram nesse caso de concordância: grande parte dos(as), a metade dos(as), a maior parte dos(as). 3. Há casos em que aparece um “que” depois desse tipo de expressão partitiva. Como será a concordância do verbo? “A maioria das pessoas que é animada gosta(m) de festas” ou “a maioria da

'Entretenimento' ou 'Entreterimento'?

A primeira forma é a correta, com “n”. De acordo com o dicionário “Houaiss”, entretenimento é o “ato ou efeito de entreter(-se), de distrair(-se)”. Também pode ser “aquilo que distrai, entretém; distração, divertimento”. Constitui erro de ortografia escrever com “r”. Atenção!

'Sua a camisa' ou 'Soa a camisa'?

A primeira forma é a correta. O verbo é “suar”, que significa transpirar, molhar com suor e até mesmo obter algo à custa de grande esforço. Conjugado na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, fica: “ele sua”. A forma “soa” vem do verbo “soar”, que tem o sentido de produzir som.

Super-

No super Brasil, os super jovens que super têm um super acesso à super internet super fazem um super uso do super “super-” para super expressarem suas super idéias. Apesar desse uso irrestrito, “super-” é um prefixo da língua portuguesa e tem regras para se ligar às palavras. Vamos entender como isso funciona. 1. De acordo com a gramática da língua portuguesa, os prefixos precisam se ligar (com ou sem hífen) às palavras porque são unidades que não têm sentido independente. 2. O prefixo “super-”, citado na introdução, deve se ligar com hífen quando a palavra seguinte for iniciada pelas consoantes “h” e “r” ou quando for um nome próprio. Exemplos: “super-herói”; “super-relógio”; “super-Brasil”. Para as palavras iniciadas por vogais ou outras consoantes, o “super-” se liga sem hífen. Exemplos: “superjovens”; “superacesso”. 3. Apesar de essas regras serem claras e simples, é freqüente o uso errado, principalmente no ambiente da internet, de “super-” como uma palavra independente, sem ligaç

'Mega-operação' ou 'Megaoperação'?

A segunda forma é a correta. O prefixo “mega” liga-se sempre sem o hífen, assim como os prefixos “maxi” e “mini”. Se a palavra seguinte começar com “r” ou “s”, esta letra deverá ser duplicada. Veja alguns exemplos: “megassuceso”, “maxiaproveitamento”, “minissaia”, “minióculos”.

'Se ele propor' ou 'Se ele propuser'?

A segunda forma é a correta. Quando a oração for iniciada por “se”, o verbo deve estar no futuro do subjuntivo. “Propor”, que tem a conjugação de “pôr”, nesse caso fica “propuser”. Outros verbos, como “dispor” e “depor”, também são conjugados como “propor“ (“se ele dispuser”, “se ele depuser”).

'Cuarar a roupa' ou 'Quarar a roupa'?

A segunda forma é a correta. “Quarar”, segundo o dicionário “Houaiss”, é um regionalismo usado no Brasil que tem o mesmo significado de “corar” (clarear a roupa pela exposição à luz do sol). “Corar” também significa “dar cor”, “pegar cor”, “enrubescer” e até “acanhar-se”, entre outros.

'De repente' ou 'Derrepente'?

A primeira forma é a correta. De acordo com o dicionário “Houaiss”, “repente” é um substantivo masculino que significa: “ação repentina, dito repentino, impensado” ou “qualquer improviso ou verso improvisado”. A locução “de repente” significa, então, “de súbito, repentinamente”.

Os porquês

Na hora de escrever, uma das maiores dúvidas está no uso dos porquês. E não é para menos, já que são quatro formas diferentes: junto, separado, com acento e sem acento. Para acertar, precisamos pensar no contexto da frase. Há dicas que ajudam a escolher a forma correta. Vamos entender como isso funciona. 1. “Por que” (separado e sem acento) é usado em dois casos. Quando equivale às expressões “pelo(a) qual”, “pelos(as) quais”: “São lindos os caminhos por que (= pelos quais) passei”. E quando equivale a “por que razão”, “por qual razão”: “Por que (= por que razão) não temos uma sociedade mais justa?”. 2. “Porque” (junto e sem acento) introduz explicação ou causa do que se afirma: “Vou porque estou animada”. 3. Importante: não é a presença do ponto de interrogação que decide se é junto ou separado. Em “Você não foi porque estava doente?”, o que se pergunta não é por que a pessoa estava doente, mas, sim, se a doença foi o motivo da ausência. 4. “Por quê” (separado e com acento) é usado qu

'Pode haver' ou 'Podem haver'?

A primeira forma é a correta. “Haver”, com sentido de existir, é impessoal, isto é, fica no singular porque não há um sujeito para que se tenha uma concordância (“há erros”). O mesmo vale para as locuções formadas com “haver”, como “pode haver” e “deve haver” (“pode haver erros”).

'Tinha entregue' ou 'Tinha entregado'?

A segunda forma é a correta. “Entregar” tem dois particípios: o longo (entregado) e o curto (entregue). O particípio longo é usado com os verbos auxiliares “ter” e “haver” (“tinha entregado” e “havia entregado”) e o curto, com os verbos auxiliares “ser” e “estar” (“foi entregue”, “está entregue”).

Embaixo e em baixo

Pensar por analogia nos ajuda a esclarecer dúvidas na hora de escrever. Mas nem sempre. É o que acontece com “embaixo” e “em baixo”. Se pensarmos na grafia de “em cima” e escrevermos “em baixo”, erraremos. Neste caso, a incoerência de grafia torna-se uma armadilha. Vamos entender como isso funciona. 1. A incoerência está no fato de um advérbio ser escrito junto e outro, separado. Para referir-se a algo que está situado em um plano ou ponto inferior, escrevemos “embaixo” (junto): “a bola foi parar embaixo do carro”. E se queremos dizer que algo se encontra em uma parte mais elevada, usamos duas palavras: “em cima” (“as frutas estão em cima da mesa”). 2. Escrevemos “em baixo” quando “baixo” for um adjetivo, uma palavra autônoma, portanto, separada de “em”, que funciona como preposição. Exemplo: “Ela falou em baixo tom”. Sendo um adjetivo, essa palavra pode se flexionar: “O avião estava em baixa altitude”. 3. A confusão, agora já esclarecida, não acontece somente com esse par. Assim como

'Pra mim fazer' ou 'Pra eu fazer'?

A segunda forma é a correta. Neste caso, deve-se ter um sujeito antes do verbo no infinitivo. O pronome “mim” está errado porque não tem essa função. “Eu”, assim como “você”, “ele”, são pronomes pessoais que funcionam como sujeito. “Para eu fazer” = “Para que eu faça”.

'Daqui a 2 dias' ou 'Daqui há 2 dias'?

A primeira forma é a correta. A confusão acontece porque “a” e “há” têm a mesma pronúncia, mas o significado é diferente. A preposição “a” indica, na expressão “daqui a”, a noção de tempo futuro. Já a forma “há”, flexão do verbo “haver”, expressa a noção de tempo passado (“saímos há 4 dias”).

Mau e Mal

Quem nunca foi pego pela dúvida na hora de escrever essas palavras que têm a mesma pronúncia? Onde usamos uma e outra? Elas têm o mesmo sentido? Fica muito fácil eleger a forma certa em cada contexto depois que passamos a conhecer suas funções e seus significados. Vamos entender como isso funciona. 1. “Mau”, como adjetivo, atribui uma característica ao substantivo que acompanha. Ele pode se flexionar em gênero (“menina má”) e número (“más companhias”, “maus tempos”). “Mau” também pode se substantivar (“os maus serão punidos”) e, da mesma forma como o adjetivo, se flexionar. 2. “Mal”, como advérbio, acrescenta uma característica de modo a alguns adjetivos ou ao verbo que acompanha (“mal educado” e “dormiu mal”). Como conjunção, liga orações e equivale a “tão logo”, portanto, traz uma idéia de tempo (“mal chegou, quis sair”). Quando vem antecedido por um artigo ou pronome, expresso ou subentendido, “mal” torna-se substantivo (“lutamos contra o mal” e “desse mal não sofro mais“). 3. Depo

'Fim de semana' ou 'Final de semana'?

A primeira forma é a mais correta. “Fim” é substantivo; “final”, adjetivo. Uma dica para saber qual forma escolher é trocar pelos antônimos “início” (substantivo) e “inicial” (adjetivo): “início de semana” está correto, mas “inicial de semana” não faz sentido. O mesmo vale para “fim de ano”.

'A quilo' ou 'Por quilo'?

A segunda forma é a única correta pela gramática padrão, mas a preposição “a” tem sido aceita em contextos mais informais nessa estrutura no lugar de “por” e “em”. Essa substituição já foi observada no comércio, pelo fato de a preposição “a” ser mais fácil e rápida.

Crase em 'Sujeito a'

Acidentes e algumas infrações de trânsito são responsáveis por deixar os veículos sujeitos a guincho e/ou a multa. Com o objetivo de advertir as pessoas quanto a essas punições, vemos muitos avisos em portões de garagens: “Não estacione. Sujeito a guincho”. Mas como escrever corretamente? Com crase ou sem crase? Vamos entender como isso funciona. 1. Ocorre crase quando há a fusão da preposição “a” com o artigo “a(s)” e com os pronomes demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo(s)”. 2. Em “sujeito a multa”, há somente a preposição “a” porque a palavra seguinte foi empregada em sentido genérico, ou seja, não determinada por artigo nem pelos pronomes demonstrativos citados no item 1. Por esse motivo, a crase não se justifica nessa estrutura. Se houvesse referência à multa, isto é, se a palavra “multa” estivesse determinada, haveria crase. Exemplos: “O infrator estará sujeito à multa de R$ 85”; “Fulano ficou sujeito àquela multa da qual fomos avisados”. 3. Na famosa frase “sujeito a

Mas e mais

Na fala, “mas” e “mais” são pronunciadas da mesma forma. Isso pode gerar dúvidas na hora de escrever, já que elas têm significados muito diferentes. Qual forma escolher? “O gerente aceitou, mas se arrependeu” ou “O gerente aceitou, mais se arrependeu”? Vamos entender como isso funciona. 1. No exemplo acima há uma oposição de idéias existente entre as duas orações (aceitar x arrepender-se) e o “mas” deve ser usado nesse caso porque é uma conjunção que marca a oposição. “Mas” também pode aparecer em uma frase com a função de advérbio. Exemplo: “Ela está feliz, mas muito feliz mesmo”. 2. “Mais” é um advérbio que indica: maior quantidade ou intensidade (“ela fala mais do que eu”); “acima de” (“os ladrões eram mais de cinco”); cessação ou limite, quando acompanhado de negação (“cansado, ele não agüentou mais andar”). Como substantivo, “mais” pode entrar em frases como “esqueceu-se de tudo o mais”. Como pronome indefinido, significa “em maior quantidade” (“precisamos de mais creches”). Co

'Meio-dia e meio' ou 'Meio-dia e meia'?

A segunda forma é a correta. É comum ouvirmos “meio-dia e meio” devido à proximidade de “dia” com “meio”. Mas, assim como se diz “dez e meia” e “quatro e meia”, deve dizer “meio-dia e meia”, pois “meia” está relacionada ao substantivo feminino “hora”, portanto deve concordar com ele.

'Mais informações' ou 'Maiores informações'?

A primeira forma é a correta. O sentido da palavra “maior” remete a tamanho, mas em “maiores informações” o sentido é de “outras” e “mais” informações, ou seja, refere-se a quantidade. Como a noção de tamanho não se aplica nesse tipo de construção, “mais informações” é mais adequado.

Proibições

Você com certeza já se deparou em uma porta com o famoso aviso que proíbe a entrada em algum recinto. Mas, quando vemos a mesma advertência escrita de formas diferentes, a dúvida nos intriga. Afinal, “É proibido entrada”, “É proibida entrada” ou “É proibida a entrada”? Vamos entender como isso funciona. 1. Quando o sujeito da oração vier determinado por um artigo definido ou por um pronome demonstrativo, como “esse(a)”, “aquele(a)”, os manuais de gramática exigem que a concordância seja feita. Exemplos: “É proibida a entrada de pessoas estranhas”, “São proibidos os animais”. 2. Se “proibido” vier anteposto a um sujeito não determinado por um artigo definido ou por um demonstrativo, ele fica invariável, ou seja, no masculino singular, mesmo que o sujeito seja uma palavra feminina. Exemplos: “Proibido entrada”, “Proibido animais”. 3. A regra é a mesma para os termos “preciso” e “necessário” nessas construções. Exemplos: “É preciso qualidades”, “É necessário auto-estima”. 4. Caso

'Haja vista' ou 'Haja visto'?

A primeira forma é a correta. “Haja vista” é uma expressão que equivale a “veja”, com sentido de “levar em conta”. “Haja” é flexão do verbo haver na 3ª pessoa do imperativo afirmativo e “vista” se refere a vista mesmo, com o sentido de “olho”, por isso não pode ser substituída por “visto”.

Riscos

É comum ouvirmos e lermos nos meios de comunicação que “Fulano corre risco de morte”. A expressão “risco de vida” foi expulsa da linguagem jornalística há alguns anos, mas ambas são corretas. Elas têm estruturas diferentes, o que gera confusão. Vamos entender como isso funciona. 1. Para entender a diferença entre “risco de vida” e “risco de morte”, vamos pensar na preposição “de”. Em estruturas como essas, o “de” introduz um sujeito ou um complemento. E o significado depende do que ele liga. 2. Em “risco de vida”, o sentido é “a vida está em risco”. “Vida” corresponde ao sujeito. Em “risco de morte”, o sentido é “risco de morrer”. “Morte” exerce a função de complemento. 3. Quem diz que “risco de vida” é errado analisa a expressão com a estrutura de complemento, “risco de viver”, e, claro, não se corre o risco de viver. É erro de análise e significação. 4. O mesmo serve para “perigo de vida”, que aparece nas placas de locais onde “a vida está em perigo” (em torres de alta tensão, por

'Ir a pé' ou 'Ir de a pé'?

A primeira forma é a correta. Existem as regências “ir a” (ir a cavalo, ir a uma festa) e “ir de” (ir de trem, ir de ônibus), mas não “ir de a”. É bom lembrar que não há crase na expressão “a pé” porque “pé” é palavra masculina e o “a” é só preposição. Exemplo: “Estou a pé e irei a pé mesmo”.

'Perca total' ou 'Perda total'?

A segunda forma é a mais recomendada porque “perda” é o substantivo correspondente ao verbo “perder”: “a perda total”. Já “perca” é a forma do verbo no presente do subjuntivo (“Espero que ele perca o hábito de dormir cedo”) e no imperativo (“Não perca a prova amanhã”).

Modismos

Toda língua falada constitui um sistema em constante mutação. Isso porque todos os dias novas palavras e expressões são incorporadas na fala e muitas delas viram modismos, como aconteceu com “a nível de”, condenada pelos gramáticos, porém muito usada hoje em dia. Vamos entender como isso funciona. 1. Pelo fato de não ter um significado consistente e ser desnecessária para o entendimento do que se diz, os gramáticos condenam o uso de “a nível de”. É considerada uma “muleta” para se expressar, talvez com a intenção de parecer mais erudito, mas o resultado é, sem dúvida, uma falsa sofisticação. 2. Agora, sabendo que essa locução não é aceita pela norma culta, vejamos alguns contextos em que ela é utilizada e como pode ser substituída. 3. Com sentido de abrangência: “O projeto será implantado a nível mundial” - “terá abrangência mundial”. Para expressar status: “As mudanças serão feitas a nível presidencial” - “serão feitas na presidência”. Para referir-se a um tópico: “A nível de repertór

'A partir' ou 'À partir'?

A primeira forma é a correta. Relembrando a formação da crase, é necessária a presença da preposição “a” e do artigo “a(s)” para que ela aconteça. Como não há artigo antes de verbos, a crase não ocorre nesses casos. Então, o correto é: “a papelaria tem produtos A PARTIR de R$ 5”.

'De menor' ou 'Menor'?

Juridicamente, não é aceita a forma “de menor”. Nem mesmo se se considerar “de menor” como modo abreviado da expressão “de menor idade”, pois se trata de uso coloquial. Mas podemos dizer “Fulano é menor” (sem a preposição “de”), que seria a redução de “Fulano é menor de idade”.

Modismos

Toda língua falada constitui um sistema em constante mutação. Isso porque todos os dias novas palavras e expressões são incorporadas na fala e muitas delas viram modismos, como aconteceu com “a nível de”, condenada pelos gramáticos, porém muito usada hoje em dia. Vamos entender como isso funciona. 1. Pelo fato de não ter um significado consistente e ser desnecessária para o entendimento do que se diz, os gramáticos condenam o uso de “a nível de”. É considerada uma “muleta” para se expressar, talvez com a intenção de parecer mais erudito, mas o resultado é, sem dúvida, uma falsa sofisticação. 2. Agora, sabendo que essa locução não é aceita pela norma culta, vejamos alguns contextos em que ela é utilizada e como pode ser substituída. 3. Com sentido de abrangência: “O projeto será implantado a nível mundial” - “terá abrangência mundial”. Para expressar status: “As mudanças serão feitas a nível presidencial” - “serão feitas na presidência”. Para referir-se a um tópico: “A nível de repertór

'Semi-novo' ou 'seminovo'?

O correto é seminovo, pois o prefixo “semi” só tem hífen diante de vogais, “h”, “r” e “s”. Exemplos: semi-árido e semicírculo. Por que, então, não podemos escrever semi novos? É simples: porque “semi”, sendo um prefixo, não tem sentido autônomo e precisa estar junto a outra palavra.

Saudações

Todas as cidades, especialmente as turísticas, desejam receber bem seus visitantes. Na entrada de muitas delas, lemos algumas saudações que “assustam” o visitante pela forma como são escritas. Bem vindo, bemvindo ou bem-vindo? Com ou sem crase no “a” que vem depois? Vamos entender como isso funciona. 1. Para receber bem, a saudação é “bem-vindo”. O advérbio “bem” passa a ter valor de prefixo, e, como tal, para se ligar à palavra seguinte, precisa do hífen na formação de uma palavra composta. Seu plural fica assim: “bem-vindos”. É bom lembrar que a forma “Benvindo” serve somente para nome de pessoas. 2. Agora, “bem-vindo a” ou “bem-vindo à”? A crase, como já sabemos, ocorre na presença da preposição “a” e do artigo “a(s)”. Deste modo, se a palavra que vier depois for feminina e precisar de um artigo, haverá crase. Exemplo: “Bem-vindo à Bahia!”. Se a palavra for masculina e também pedir o artigo, ficará assim: “Bem-vindo ao Rio Grande do Sul!”. 3. Se a palavra não precisar de um artigo,

'Onde' ou 'Aonde'?

As duas formas são corretas. Mas quando empregar cada uma delas? Usamos “onde” quando o verbo a que ele está relacionado exige a preposição “em”: “ONDE [em que lugar] coloquei minhas meias?”. E usamos “aonde” diante de verbos que exigem a preposição “a”: “Vou AONDE ele for”.

Idéias a favor ou contra

Em campanha, ouvimos um político dizer que suas idéias vão “de encontro ao” que o povo deseja, enquanto outro diz que suas ações vão “ao encontro do” que todos querem. Estas expressões têm sentidos opostos. Quem acertou ao falar sobre seu programa de governo? Vamos entender como isto funciona. 1. “De encontro a” tem o sentido de oposição, de choque. Quando se diz que um carro foi de encontro a outro, significa que ele chocou-se com outro. Sendo assim, os políticos que usam esta expressão equivocam-se, afinal, nenhum deles quer que suas obras sejam contrárias aos desejos do povo. 2. “Ao encontro de” tem o sentido de aproximação, usamos para designar uma situação favorável. Portanto, os políticos que usam esta expressão para afirmar que suas ações favorecem a população estão corretíssimos. 3. Infelizmente, o caráter de um político não pode ser medido pelo erro ou acerto no uso destas expressões, mas sim pelos atos ao longo de sua vida pública. Daí a importância de estarmos sempre

'O óculos' ou 'Os óculos'?

A segunda forma é a correta. Você deve pedir sempre “pelos óculos”. No plural. A explicação é simples: “óculos” é uma palavra que só é usada no plural, assim como “parabéns”, “condolências”, “núpcias” e “cócegas”, entre outras. Sendo assim, “vou encomendar MEUS ÓCULOS hoje”.

Vendas e locações

A atividade do mercado imobiliário pode ser considerada um reflexo da situação econômica. Quando esse mercado está aquecido, a economia vai bem e vemos pelas ruas muitas placas de vendas e locações. Cada uma escrita de um jeito. Daí a dúvida: “Vende-se casas” ou “Vendem-se casas”? Vamos entender como isso funciona. 1. Neste caso, desfazer a dúvida é bem simples: basta colocar a oração na ordem direta. “Casas são vendidas”, logo, notamos que “casas” é o sujeito da oração na voz passiva e por isso o verbo deve ir para o plural, concordando com o sujeito. O mesmo vale para “alugar”. 2. Essa é uma exigência da gramática normativa, mas... 3. O uso popular é este: “conserta-se relógios” e “aluga-se quartos” – isso porque as pessoas sentem a construção como na voz ativa, com um sujeito ativo (“alguém vende casas”) e não com um sujeito passivo (“casas são vendidas”). Entretanto, embora essas formas no singular já tenham sido muitas vezes documentadas em textos de bons autores, a gramática norm

As formas de pagamento

“Qual é a forma de pagamento?” Após escolhermos um produto em uma loja, todos nós ouvimos esta pergunta. Ela é recorrente no dia-a-dia e a sua resposta merece atenção especial, pois mexe em nosso programa de gastos. Mas, dentre as variações escritas dessas formas que vemos nas lojas, qual é a correta? A prazo ou à prazo, a vista ou à vista? 1. Só para lembrar, ocorre crase quando há a fusão da preposição “a” com o artigo “a” ou “as”, portanto, somente diante de palavras femininas, subentendidas ou não. 2. Sabendo disso, já podemos deduzir o porquê da não-ocorrência de crase diante da palavra “prazo”: trata-se de um substantivo masculino. Sendo assim, para atrair clientes, as lojas podem oferecer a vantagem de vender seus produtos A PRAZO. 3. A expressão “à vista” é uma locução feminina e deve ser escrita com crase por motivo de clareza, para garantir o entendimento da frase. “João vendeu a vista” pode significar que ele tenha vendido os próprios olhos. Sendo assim, caso as lojas queira

'À custa de' ou 'Às custas de'?

“Custas”, assim no plural, tem sentido jurídico de “despesas previstas em lei e devidas pela formação de atos judiciais”, de acordo com o dicionário “Houaiss”. Com outro sentido, é sempre no singular. Sendo assim, “não pretendo viver à custa de meu pai”.

A crase e os horários

Lojas, supermercados e outros estabelecimentos têm sempre seu horário de funcionamento exposto para quem quiser ver. Até aí tudo bem. A partir disto, vemos crases e abreviações sem critério em quase todos esses informativos. Vamos entender como isto funciona. A abreviação de horas é “h”. Somente “h”, junto ao número, sem espaço e sem mais letras depois disso. Portanto, é errado escrever “hs”, “hs.”, “hrs” ou “hrs.”. Só para reforçar, a abreviação é única para singular e plural: “h”. O mesmo vale para os minutos: “min”. Crase = preposição “a” + artigo definido “a” ou “as” Para determinar um período utilizando os dias da semana, usamos as preposições “de” e “a”: “de segunda a sexta-feira”. Neste caso não há crase porque não usamos artigo para mencionar esses dias, assim temos só a preposição “a”. Para as horas, há duas possibilidades. Sem o artigo definido, portanto, sem crase: “de 8h a 18h” e com o artigo definido, portanto, com crase: “das 8h às 18h” (= de+as 8h a+as 18h). Por isso não